Tratamento
Como sabemos ainda nao foi encontrada uma cura, ou seja, um modo eficaz de eliminar totalmente o VIH do organismo.
Os tratamentos que existem, são compostos, normalmente, por mais do que um medicamento, reduzem a carga vírica e atrasam os danos que o vírus pode provocar no sistema imunológico. Com a toma dos medicamentos existentes, a quantidade de vírus no sangue começa a decrescer ao fim de alguns dias. Na maioria das pessoas que tem acesso ao tratamento, e que o cumpre adequadamente de acordo com a indicação dos seu médico, 99 por cento do vírus presente no sangue é eliminado ao fim de quatro semanas e, ao fim de quatro a seis meses, a maior parte passará a ter «VIH não detectável» no sangue. No entanto, o vírus permanece no organismo e mantém-se o risco de transmissão da infecção a outras pessoas.
Os medicamentos anti-retrovíricos podem ser administrados em qualquer fase da infecção: na fase aguda, no período sem sintomas, na fase sintomática ainda sem critérios de SIDA ou na fase de SIDA. O principal objectivo do tratamento é reduzir a quantidade de vírus (reduzir a carga vírica) até um ponto em que se torna quase indetectável (20 a 50 por mililitro de sangue). Quando isto acontece e a quantidade de vírus no sangue é baixa, significa que o vírus se está a reproduzir de forma mínima, que sofre menos mutações (ficando menos resistente aos medicamentos) e que a doença não está a progredir.
Existem 3 tipos de medicamentos utilizados no tratamento, que actuam de formas diferentes e em diferentes fases do ciclo de reprodução do vírus. Geralmente são utilizados em conjunto para ter resultados mais eficazes e prolongados, em esquemas terapêuticos designados por Terapêutica Anti-Retrovírica de Elevada Potência.
Os objetivos da Terapêutica Anti-Retrovírica são reduzir a carga vírica, preservar e melhorar a função do sistema imunológico, atrasando a evolução da doença e modificando a história natural desta infeção. Assim, previne-se a ocorrência de manifestações oportunistas associadas ao VIH, melhorando assim a qualidade de vida do seropositivo e prolongando-a. Para que estes objetivos se realizem é fundamental que o tratamento seja feito de forma rigorosa e de acordo com as indicações do médico.
Se o doente não cumprir convenientemente a medicação, a quantidade de medicamente que existirá no sangue será insuficiente para inibir o crescimento do vírus e reduzir a carga vírica. Permitindo assim que o vírus continue a destruir as células CD4 e também o adquerimento de resistência aos medicamentos que o seropositivo está a tomar de forma errada.Por outro lado, quando isto acontece, existe uma grande probabilidade de ocorrer resistência a outros medicamentos que o doente não está tomar e que pertencem às mesmas classes daqueles que está a tomar - é a chamada Resistência Cruzada.
Os inibidores da transcriptase reversa impedem que o vírus consiga transformar o seu código genético de ARN em ADN, operação necessária para se multiplicar dentro das células.
Os inibidores da protease têm como função bloquear um dos componentes do VIH, a protease, conseguindo, desta forma, que as novas cópias do vírus não infectem novas células.
Estes dois inibidores actuam na célula CD4.
Para multiplicar-se, o vírus necessita de fundir-se com um linfócito T, e é precisamente essa acção que os inibidores de fusão impedem. Ou seja, com este medicamente o VIH não consegue completar o seu ciclo de reprodução, porque não chega a infectar os linfóticos T e a criar novas cópias do vírus. Estes inibidores actuam fora da célula hospedeira (linfótico CD4) numa fase mais anterior no ciclo de reprodução do vírus do que os inibidores da protease e da transcriptase reversa.
Habitualmente recomenda-se o início do tratamento quando a análise às células CD4 apresenta valores inferiores a 350 unidades por mililitro de sangue. Também pode ser recomendado quando a pessoa tem valores superiores a 350 unidades por mililitro de sangue, mas que apresentem uma carga vírica superior a 100 mil unidades por mililitro de sangue.
Existem outras situações e razões para começar ou não começar um tramtamento. Por vezes devido ao nível financeiro muitos seropositivos não executam o tratamento.Há indivíduos que escolhem esperar devido a não se quererem tornar escravos dos medicamentos, e preferir a espera de tratamentos mais simples.
O tratamento não deve ser adiado se as células CD4 forem inferiores a 200/ml e especialmente se forem inferiores a 50/ml.
Como vimos o tratamento diminui a carga vírica , podendo talvez também reduzir o risco de transmissão. Apesar de os tratamentos apresentarem geralmente bons resultados, também já se registaram casos onde a carga vírica não diminui tanto quanto é desejado e necessário. Pode ser causado devido à resistência do vírus aos medicamentos, por o organismo não absorver bem os fármacos, devido a outros medicamentos que o seropositivo esteja a tomar que pode entrar em conflito com os anti-retrovíricos ou porque o seropositivo não segue o tratamento à risca.
O chamado "cocktail", conjunto dos diversos medicamentos prescritos, deve ser tomado todos os dias e às horas programadas. Deve se sempre tomar todos os medicamentos juntos, pois em isolado pode prejudicar o organismo e levar ao aparecimento rápido de resistências do vírus aos anti-retrovíricos.
Os seropositivos têm também que se preocupar com eventuais infeções que possam surgir e com os efeitos secundários provocados pelos medicamentos anti-retrovíricos e tratá-los seguindo as intruções do médico.
Efeitos secundários que os anti-retrovíricos podem provocar:
- Náuseas
- Cansaço
- Vómitos
- Diarreia
- Dor de estômago
- Dor de cabeça
- Dor muscular
Tratamentos que usam especialmente inibidores da protease podem provocar:
- Lipodistrofia (distribuição anormal de gordura no organismo)
- Aumento dos níveis de lípidos no sangue
- Diabetes
Estes efeitos secundários não aparecem em todos os doentes tratados com anti-retrovíricos. Muitas destes efeitos são transitórios e melhoram com a continuação do tratamento.
Os diversos efeitos secundários devem ser comunicados ao médico para que este os possa tratar. Em alguns casos pode ser necessário mudar os medicamentos anti-retrovíricos.
por Bárbara Dacie
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